Postergar a maternidade tem estimulado muitas mulheres a recorrerem ao congelamento de óvulos.

Congelar óvulos não é mais novidade para os especialistas em reprodução assistida e muito menos para as mulheres que desejam engravidar após os 35 anos, visto que este procedimento tem sido cada vez mais procurado nos últimos 2 anos.

Atualmente, grande parte das mulheres pensa em engravidar somente após a conquista do sucesso profissional que, geralmente, ocorre acima dos 30 anos. Nesta idade, as mulheres são jovens e estão com a saúde em perfeito estado, porém, para engravidar, a idade superior a 35 anos é considerada acima do ideal do ponto de vista biológico.

A fertilidade é uma razão direta da idade da mulher. Estimamos que, ao nascer, a mulher tenha por volta de 7 milhões de óvulos, valor que reduz-se aos 500 mil quando ocorre a primeira menstruação, e que chega a menos de 25 mil aos 42 anos. Além do número de óvulos, com o envelhecimento acontece também a perda da sua qualidade, já que os óvulos podem acumular efeitos do ambiente, como poluição, radiação, medicações e outros. O melhor marcador para avaliação clínica diagnóstica da reserva ovariana é a dosagem sanguínea do hormônio anti-mulleriano.

Os riscos de abortos e malformações sobem consideravelmente com a idade da mulher. O risco para a Síndrome de Down, por exemplo, é de 1 para cada mil nascimentos aos 30 anos, 1 para cada 100 aos 40 e de 1 para 10 aos 49 anos. O diagnóstico desta e de outras síndromes pode ser feito antes que a gestação aconteça, técnica chamada de diagnóstico genético pré-implantacional (PGD), que consiste em analisar geneticamente os embriões obtidos em fertilização in vitro.

A melhor técnica de congelamento de óvulos é a vitrificação com taxas de sobrevivência ao descongelamento de 95%. No entanto, é importante enfatizar que o fato de congelar óvulos não garante uma futura gestação, assim como todo tratamento na área de reprodução humana.

As chances de gravidez são em torno de 45% por tentativa e o ideal é que o congelamento seja feito até os 38 anos, quando as taxas de gravidez são melhores. Com o avanço das técnicas de Reprodução Assistida, podemos oferecer diversas opções para auxiliar as mulheres que queiram preservar a fertilidade ou evitar/minimizar os riscos advindos da idade sobre seus futuros filhos.

Se uma mulher congelar os óvulos aos 35 anos, mesmo que ela venha a descongelar seus óvulos e engravidar aos 40 anos a chance de gravidez permanece a mesma que a de uma mulher de 35 anos, ou seja, em torno de 45% por tentativa de tratamento, e não de 15%, porcentagem que se refere às chances de gravidez de uma mulher de 40 anos que realiza fertilização in vitro.

Os óvulos congelados podem ser utilizados com vários propósitos: 

– Aumentar a eficácia da fertilização in vitro; como alternativa ao congelamento de embriões, principalmente para casais com restrições éticas ou religiosas a esse método;
– Programa de doação com banco de óvulos;
– Preservação da fertilidade em mulheres com necessidade de cirurgia para retirada do ovário, radioterapia ou quimioterapia para tratamento de câncer que pode causar uma menopausa precoce; ou
– Postergação da maternidade.

Como funciona?

Até o 3º dia da menstruação, a paciente inicia um tratamento de indução da ovulação. Isso é feito por meio de medicações à base de hormônios, que vão fazer com que o ovário produza um número de folículos adequado durante mais ou menos 10 dias.

Por volta do 12º dia, é feita a coleta de óvulos, através de um procedimento em que a paciente fica sedada. Os óvulos serão coletados dos ovários com a ajuda de uma agulha acoplada a um aparelho de ultrassom. Após coletados, os óvulos são conduzidos ao laboratório e são armazenados na incubadora para finalizar a maturação por cerca de 2 horas. Após este período, é feita uma seleção dos óvulos maduros que são os adequados para a futura fertilização, e que posteriormente são congelados em nitrogênio líquido a -196ºC.

Após um tempo indeterminado, quando a mulher decide engravidar, os óvulos são descongelados, fertilizados em laboratório e os embriões formados transferidos para o útero.

 

Fonte: Huntington