No último mês de gravidez, as mulheres já estão preparadas para amamentar. Durante a amamentação, a mãe produz três tipos de leite:
- Colostro – é o primeiro leite na amamentação do bebê e pode durar até 12 dias. É espesso e amarelado, rico em anticorpos e proteínas.
- Leite de transição – é a transição entre o colostro e o leite maduro, cuja quantidade de calorias do leite aumenta.
- Leite maduro – é o leite produzido até o final da amamentação. Contém todos os nutrientes necessários para o bebê, protegendo contra doenças infecciosas e diarreias. Em uma mamada, o primeiro terço do leite maduro é chamado de leite anterior. Os outros dois terços são o leite posterior, com mais gordura. É importante que, a cada mamada, o bebê esvazie pelo menos uma das mamas para ter acesso a todos os nutrientes.
A amamentação é essencial para o fortalecimento da musculatura da face e da boca do bebê, o que contribui com a fala e a oclusão dos dentes. A mãe também se beneficia, uma vez que o ato está relacionado com menor risco de desenvolver câncer e osteoporose, além de ser um excelente aliado na recuperação do peso anterior à gravidez.
Produzir leite gasta muita energia. A alimentação é extremamente importante nesta fase, por isso começar uma dieta de emagrecimento pode comprometer a produção e a quantidade de leite e, consequentemente, prejudicar a nutrição do bebê. A mulher necessita de uma alimentação balanceada, com aproximadamente 300 calorias adicionais por dia, e uma boa ingestão de líquidos como água, sucos e chás naturais (erva-doce ou camomila).
Prevenção
Para evitar o leite “empedrado”, é preciso esvaziar as mamas corretamente. Após amamentar seu bebê, apalpe as mamas e, se sentir que ainda há “leite reserva”, esvazie-as com a bomba de sucção.
Sempre amamente o bebê com as duas mamas, lembrando que só se deve trocar para a segunda mama quando a primeira for recusada. Caso o bebê recuse a segunda, alterne nas próximas mamadas com a mama inicial.
Para não atrapalhar a amamentação do bebê ou se machucar, perceba a hora exata de trocar de peito, que é quando a sucção torna-se ineficiente. Coloque a ponta do dedo mínimo no canto da boca dele, desfaça a pressão e solte o peito sem machucar.
Tratamentos e cuidados
Para conseguir uma boa amamentação e evitar o empedramento do leite, é necessário seguir alguns passos:
- Faça fricção nos mamilos com uma bucha vegetal ou uma toalha grossa para deixá-los resistentes e evitar a formação de feridas e fissuras;
- Tome de 10 a 15 minutos de sol nos seios todos os dias, antes das 10 horas da manhã ou depois das 4 horas da tarde;
- Após cada mamada, lave bem as mamas e esvazie o restante de leite manualmente;
- Sempre dê, inicialmente, ao bebê a mama mais cheia;
- Ao tirar a boca do bebê do peito, coloque a ponta do dedo mínimo dentro da boca da criança para desfazer o vácuo e evitar feridas;
- Amamente sentada para evitar que o bebê regurgite e garanta o contato olho a olho, que fortalece a relação mãe-filho;
- Lave as mãos antes de amamentar;
- Escolha lugares tranquilos para amamentar;
- Estimule o reflexo do bebê passando o bico dos seios nos cantos da boca ou no lábio inferior. Ele deve abocanhar o bico e a maior parte da aréola com os lábios virados para fora. Dessa forma estará evitando a formação de fissura mamária;
- A amamentação dura conforme o ritmo do seu bebê. Com o tempo, você saberá quando ele está satisfeito;
- Segure o bumbum do bebê de modo que a cabeça dele fique na dobra do seu cotovelo e a barriga dele esteja voltada para a sua. Assim ele engolirá menos ar e conseguirá mamar melhor;
- Depois de terminar a amamentação, é recomendado fazer o bebê arrotar. Para isso, coloque-o em pé, com a cabeça apoiada no colo ou no ombro por aproximadamente dez minutos.
Convivendo
Existem diversos métodos contraceptivos à disposição da mulher. Porém, nos meses seguintes a uma gravidez, não são todos que podem ser adotados. Alguns deles podem prejudicar não apenas a quantidade, mas também a qualidade do leite produzido durante a fase de amamentação.
O doutor Coríntio Mariani Neto, diretor da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo), recomenda anticoncepcionais que contenham progesterona para os primeiros meses de lactação.
Para contracepção de emergência, a pílula do dia seguinte constituída de levonorgestrel é permitida, pois este é um progestágeno que não interfere no aleitamento. Já aquelas que contêm estrógeno representam um risco, pois podem influenciar na produção do leite.
Em relação ao período ideal para se retomar a atividade sexual, o doutor Coríntio afirma que isso depende do tipo de parto realizado. Após cesáreas, a recomendação é que se aguarde pelo menos um mês. Mas, depois do parto normal e sem cortes, o fator limitante é, muitas vezes, a presença de sangramento genital. Fora isso, nada impede o recomeço em torno de duas semanas após o parto. Quando há pontos, recomenda-se aguardar que se desprendam para reiniciar a vida sexual somente três semanas após o procedimento.
Com a retomada das relações sexuais, os métodos anticoncepcionais se tornam importantes por conta da recomendação médica de esperar ao menos seis meses para uma nova gestação.
Outros métodos
Além da pílula anticoncepcional, a mulher tem a opção de recorrer ao DIU (dispositivo intrauterino), que pode ser inserido logo após o puerpério (42 dias depois do parto), informa o doutor Carlos Serpa, diretor da Sogimig (Associação dos Ginecologistas de Minas Gerais). “É um método tão seguro quanto os contraceptivos hormonais, desde que inserido adequadamente e mantido bem posicionado. Porém, ele pode aumentar o fluxo menstrual e a dismenorreia (cólica menstrual)”, alerta o especialista.
Existe ainda o risco do organismo expulsar o DIU sem que a mulher perceba, tornando-a vulnerável a uma gravidez não planejada. A partir de seis semanas pós-parto, o diafragma também serve como método anticoncepcional. O único cuidado que se deve ter é em relação à técnica correta de introdução na vagina, que sempre deve ser facilitada por lubrificante, por exemplo, gel de nonoxinol, que possui ação espermaticida.
Finalmente, os casais só devem optar pela laqueadura, que é definitiva, após uma tomada de decisão bastante consciente e convicta. O momento ideal para fazer o procedimento é fora da gravidez ou, no máximo, logo no início. No caso de uma terceira cesárea consecutiva ou se houver risco de morte para a mulher em uma nova gestação, a laqueadura pode ser realizada durante o próprio parto, desde que haja consentimento da paciente.
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Fonte: Gineco.com.br